quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Erros e mais erros (Caio S. C.)



Você briga,
Fala e não fala,
Deixa uma facada em meu coração
E vai dormir.

Você dorme triste
acorda feliz,
Sem lembrar.

Eu não durmo
Torturando-me,
Nasce o dia,
Lagrimejando
Meus olhos se fecham.

É culpa minha,
Sempre é...
Sempre sou
O causador de desgraça maior
O lixo inútil,
O fracassado mor.

Desculpas não adiantam,
Não consertam o estrago feito,
Esquecer não é resposta
Não juntam os cacos do espelho.

(Caio S. C.)

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Quero ver te chorar (Caio S.C.)

Quero ver te chorar... 
De alegria
Que você não sinta mais o gosto da partida,
Agonia,
Que a doçura da minha volta
Seja o prato do dia,
Que o calor de nossos abraços
Jogue ao mundo
Um bilhão de megatons de alegria,
Que o sussurro em seu ouvido
Atinja com maestria
Seu coração,
Minha rainha,
Minha imperatriz.

Nossa alma tão velha, cicatrizada.
Reaprende a amar
Reaprende o sabor
O tato
E o olhar
Você vem comigo sem destino,
Sem limites,
No instinto.
O céu é um cobertor,
O publico as estrelas,
Do nosso show
Que é amar
Chore com essa poesia,
Chore sem medo,
Chore de felicidade,
De gozo,
E de paixão.

(Caio S.C.)

sábado, 19 de outubro de 2013

Quanto Caio dura um Tempo?

“Quanto Caio dura um Tempo?”

(Arte própria: Sozinho - Caio S.C. [Ilustração para o poema "Quanto Caio dura um Tempo?"])

“Quanto Caio dura um Tempo?”

Quanto Caio dura um tempo,
Quanto ele faz durar?
E um amor
Dito verdadeiro
Ou palavras ao ar?
Vai embora,
não deixa paradeiro.

Demolidor dos próprios passos,
Deixados na areia
Ou asfalto,
Não deixa rastros.

Já dito hospedeiro
Não dura muito em qualquer lugar.

No conforto
Mergulhado em receio,
Não tem do que se orgulhar.

É viajante do espaço e tempo
Vai embora,
É nuvem passageira,
“Chegou a hora...”.
E ele se questiona:
“Quanto tempo vou durar...
nesse novo momento,
Nesse novo lugar?”
E todos perguntam
 “Quanto Caio Dura um tempo”

Pergunta difícil,
Resposta sem base alguma.
Sua existência é um eco audível.
Como luva.

Suave,
Como um tocar de violino,
Um piano ou oboé.
Ele é uma orquestra inteira
Com um publico aplaudindo de pé.

E chorando também,
Rindo,
Tendo fé de que ele já é alguém,
E não o fantasma que parece ser
Pois ele dura pouco.

Quem pisca
Corre o risco de não ver.

Os amores são rápidos,
Perfeitos demais.
Vem como vento,
Ilumina a vida de seu amor.

Não demora muito,
Ele ensina a pessoa a obter luz própria,
É ai que ele vai embora,
Deixa um vazio,
Que precisava existir
Para que a pessoa se preencha
E possa se ouvir.

Nasceu para ser vagante,
Amaldiçoado (O que também é uma benção)
Homem,
Errante.

Carta IX o representa
E assim ele vaga.
Pela vida sem riquezas,
Sua palavra é sua arma.

No coração sua pureza
E a maldição de ser a si mesmo,
Escrita em sua alma.


(Caio S.C.)

sábado, 20 de abril de 2013

A má entrega – Caio S.C.


A má entrega – Caio S.C.


Não sabia para onde ir,
A mente dizia
“fuja”
O coração despedaçado
Caído em desgraça
Na incerta lama suja
Pedia por socorro.

A alma repartida,
Sabia de seu fim
Fazia o corpo chorar,
Pois nem ela mais podia suportar

Os dias quentes
Aqueciam o corpo,
Os corpos se esquentavam em noite fria,
Não havia mais opções
Somente o banho quente
Essa morna e suave ilusão.

Pois a vida é um banho frio
E não se pode negar.
Se fugires dessa realidade
Seu pior lado há de te pegar.

Deixe-se morrer alguns dias,
Prove o verdadeiro gosto da vida.
Não se deixe criar esperanças por mim,
Pois nem eu acredito na mesma – a esperança –.
Só quero o fim da alma
Ou o fim de minhas correntes
Que me aprisionam a meus erros
Dos quais eu mesmo me prendi.

Sinceramente,
Agora me vejo insensato e perdido.
Já perdi o que havia na mente,
Esvaziei o coração
E tudo que almejo é fechar os olhos
E ficar ali
Virar pó ou vento,
Desde que Eu vá.

A hora do abandono – Caio S.C.


A hora do abandono – Caio S.C.



E assim foi necessário,
Não  sabia se era o certo.
Mas fiz o que dizia o coração
Que já era insensato e velho.
Abandonei amor,
Pois não sabia amar.
Abandonei as crenças,
Por falta de acreditar.
Abandonei Esperança,
Pois não havia o que visar.
Abandonei a todos
Por em mim mesmo não acreditar.
Abandonei a mim mesmo,
Pois precisava morrer
Para recomeçar.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Anencéfalos (Caio S.C.)


    Era novamente uma era negra. Uma incrível depressão arrastava o mundo.
A crise de 29 era fichinha perto disso. Quando não temos dinheiro, ficamos triste, mas quando não podemos ter filhos, a tristeza é bem maior.
Algo havia modificado a humanidade que gradativamente diminuía em Humanidade e população. Talvez fosse toda aquela  comida industrializadas de anos e anos dos quais nossa gente se alimentou. Do veneno no ar que respirávamos, ou das radiações que se propagavam em nossos corpos, vindos de todos os cantos.  
   Aquilo era terrível, profundamente triste, aquele vazio que ficava em nossos corações poderia ser dito similar ao vazio que era a cabeça de nossas crianças. Sim, nossas crianças nasciam sem cérebro, anencéfalos. E isso era algo sem remediação. Se fosse necessário trocar um coração doente, podia ser feito através do modo antigo ou da implementação de órgãos biomecânicos. Mas um cérebro... creio que seria muito difícil. Nem nossos computadores mais avançados podiam chegar ao nível de um cérebro humano. Podíamos ter problemas para lembrar-se de coisas, ou processar cálculos com certa imprecisão durante dias conturbados seguidos de noites mal dormidas. Mas jamais um cérebro chegaria perto de nosso processamento natural. E creio eu que até mesmo no cérebro, havia algo meta físico, uma porta para um mundo interior. Do qual, agora, nossas crianças nasciam desprovidas.
   Depois da primeira grande onda do repetido caso no mundo, muitas mulheres já estavam sem esperança. O pensamento de viver sem casamento já era forte, agora, com a possibilidade de não ter filhos da forma tradicional e com nascimentos “normais”, elas eram mais frias. Vivendo cegamente pelo prazer, praticando orgias, e no final da noitada, após chegar em casa e ouvir o eco de sua frieza interna bater nas paredes sem vida de suas casa solitárias, choravam, tudo era escuro e triste, frio e úmido, perante o silencio vindo da morte, da vida que não vinha, da alegria que não podia nascer.
   Os homens perderam suas forças. Aqueles que almejavam uma família perfeita decaíram. Esses homens eram cinza, pálidos, pois até os céus eram escuros em nossa época. Não havia mais sentido na existência, o pessimismo já havia tomado todo o coração do homem que ouvia a frase: “querido, estou grávida”. O medo de não ver a criança nascer, ou de nascer e nem ao menos poder pensar, entender, aprender com seu pai, fazia do homem um humanoide de área movediça onde seu coração, era um buraco negro da entropia existencial.
   Não poder passar a vida a frente, não ter a quem ensinar algo antigo, não ter um novo alguém com quem aprender algo novo, um pedaço livre de você para amar, era nisso que se baseava a vida em nossa época, tristeza.
   Não sabíamos como começou, não conseguíamos retroceder o processo. Nossa gente desmoronava de seus castelos de ego, somente havia a queda, a única direção que nossa gente conhecia, para baixo.
As pessoas impotentes cansavam-se da luxuria sem fim, da eternidade biomecânica, do grande vazio do nunca morrer, e agora, também do vazio da nova geração que não viria.
   Nossos antepassados não fizeram bom uso de seus cérebros, criaram guerras, se guiaram por razões erradas. Talvez tenha sido um castigo divino pelo mal uso. Se nossas crianças nascessem sem coração, o castigo também faria sentido. Nos humanos, não exploramos nossa essência. Não éramos mais animais, muito menos seres espirituais, nem mesmo os Deuses imortais que deveríamos ser, nós nos tornamos nada. Como poeira ao vento, algo que ninguém sente saudade.
   Como eu disse, éramos pessoas tristes, e assim morreu nossa raça, num almejo da eternidade, morremos tristes e sós.


(Caio S.C.)