quinta-feira, 2 de junho de 2011

Enquanto o Amor não chega... Parte II (Caio S.C.)


Enquanto o Amor não chega ...
sai por ai com a Tristeza e a Solidão.

Paramos num lugar chamado “Seu Coração”. Lá não estava muito tranquilo, como era de se esperar. Tudo muito conturbado. Estava muito escuro, típico de casas noturnas. Pouquíssimas luzes piscavam engolidas pela escuridão. A Tristeza interrompeu meu raciocínio e me questionou:
- E ai cara, ta gostando?
-Oh, ficar com vocês é até legal sim, é melhor do ficar sozinho na espera.
-O Amor lhe retornou? - Perguntou a Solidão.
-Não, até agora não. Geralmente não há retorno do Amor.
-Por um acaso – Perguntou a Solidão – o sobrenome do Amor não é “Recíproco”?
-Não, seu sobrenome é “Indiferente”.
-Ah sim, agora faz mais sentido!
-O que?
Então me espantei com a conclusão. Já havia pensado a muito tempo atrás daquele jeito, mas não liguei. A Raiva, um colega meu, já havia me dito isso, mas não havia razão pra concordar, afinal, estávamos falando do Amor, ele sempre nos responde, não é verdade?
- Você nunca reparou que “esse” Amor nunca liga pra você? – disse a Solidão.
E a Tristeza prosseguiu com a sua lógica:
-No caminho pra cá você não nos disse que já fez mil e uma coisas para o Amor, e até hoje sem nenhum resultado? Que lhe deixou esperando até o dia em que chegamos? Se não fosse por nós vocês não perceberia sua situação... E que tola situação!
Naquele momento, a Solidão e a Tristeza me abriram os olhos, desviei minha visão e vi a Raiva entrando no recinto. Meus amigos disseram:
-Olha lá a Raiva entrando. - falei.
-Dizem que a Raiva – falava a Solidão - tem problema de personalidade. Uns falam que ela é falsa por que quando chega perto de nós, ela finge ser uma tal de Angústia. A Raiva não é muito confiável, não é igual a nós... não é amigo?
Parei um tempo antes de responder, ainda pensando em como o Amor não ligava pra mim. E de olhar vazio e cabeça baixa, respondi à Solidão:
-Sim. Vocês é que são amigos confiáveis.
E de repente, minha alergia começava a brotar na minha pele, é uma alergia comum, seu nome popular é Ódio. E com o Ódio crescendo em mim, somente em pensar no Amor, já me sentia mal, foi quando um velho amigo meu e da Tristeza apareceu, o DM como nós o chamávamos.

Então, já que o Amor não vinha, fiquei Eu, a Tristeza, a Solidão e o Desejo da Morte no “Seu Coração”, conversando e sendo refletidos naqueles espelhos.
-Como vai DM, tudo certo?
-Tudo rapaziada, e vocês?
DM, seu nome completo deve ser Desejo da Morte, Desejo de Matar, ou sei lá, nós nunca ficamos sabendo qual seu verdadeiro nome. Ele é um cara boa pinta, sempre em momentos difíceis ele me aparecia, como por telepatia, sempre perto nesses momentos.
-Poxa cara, você ta com Ódio de novo, você não vai se tratar?
-Poxa velho, me falaram que você tem sempre uma solução pra tudo, será que você não teria uma pra mim não?
-Cara, acho melhor você não me pedir isso, seria demais pra você se Libertar desse Ódio com a solução que poderia lhe dar, mas não darei, seria muita barra pra você enfrentar. No seu caso, o efeito colateral seria a Culpa, que poderia resultar em problemas internos também.
-Nossa... Vai dar essa mancada? Pensei que éramos amigos...
-É por isso mesmo, mesmo que eu tenha a cura para todas as doenças e males, comigo você não ganha nada, se é que você me entende?!
-Tudo bem. Fazer o que...
Em um dos espelhos à nossa frente vi refletido um velho amigo. No “Seu Coração” se encontra cada surpresa! Virei-me e chamei aquele que chegava:
- Ei pessoal, chega ai!
DM foi embora, se despediu, tinha mais pessoas pra ver, afinal, seu trabalho gera muita clientela.
-E ai cara, tudo certo? – E olhou para meus amigos, Solidão e a Tristeza com um olhar meio esquisito de repulsa.
- E ai rapaz, tudo certo e você? Quem são seus amigos? – perguntei a ele sobre seus companheiros.
-Ah sim, que indelicadeza a minha, - disse ele - esses são Felicidade e Alegria.

Então, revi meu amigo que estava sempre bem, sempre na companhia da Felicidade e da Alegria.

Continua...