quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Tentáculos (Caio S.C.)




Homem ao mar
Naufrago do engano
Eremita ao azar
Sentenciado sem amar


Monstro das águas
Garras sutis
Tentáculos de controle
Tentáculos da sociedade do mar

Afoga
Morre
Engole a tinta de ilusão
Fracassa em prender a respiração.

Mãos vazias
Corpo nu
Alma na areia
A maré se torna seu único cobertor.

(Caio S.C.)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Amargor (Caio S. C.)


(Leia a poesia ao som de Yiruma - Kiss The Rain)




A amarga magoa do amar
Entra pela boca em um beijo
De despedida e desejo
Com anseio pelo retornar.

A amarga magoa do amor
É perder de vista
A mão que se possuía.
É perder o perfume de uma flor.

A amarga magoa de quem amou
É sentir a mesma fragrância no ar,
Pertencendo a outrem
Que tinha tornando-a singular.

A amarga magoa de quem foi amado
É se encontrar perdido,
E não ser procurado.

A amarga e dura
Cruel e fria magoa de um amor
É o sabor de ser trocado.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Fogo (Caio S. C.)



Algumas vezes
sinto um frio invernal em meus ossos
estremece nervos
e a carne endurece.

Algumas vezes
esse frio invernal
me faz ansiar pelo fogo de uma lareira,
uma fogueira leal
um fogo real

O corpo pede
para sentir o contraste de temperatura
o mesclar de sensações.
O corpo quer o frio vento livre de ser só
e o calor de uma paixão.

A pele esgana e clama
pelo rubor do fogo e brasa
pela chama incandescente
como o arder de lenha e palha.

Nossas mãos flutuam perto da dança laranja
preenchendo os dedos de calor e amor
como corpo de amante.

A silhueta se move,
o calor aquece.
Mas o amor é fogo
que esfria, se apaga
se esquece.