quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Num fim de Tarde, um fim não tarde. (Caio S.C.)


Ele pegou  toda suas coisas, as que cabiam em sua mochila, tudo que era de maior importância, a  fechou, foi ao banheiro, pegou sua escova de dente, viu ali o lugar onde ela sempre deixava aquela escova azul, que agora, não estava mais lá. Ele pegou a rosa, que eles trocaram durante um sábado de manhã de compras, seguido por bagunça na arrumação dos itens do armário, e um pouco de romance no estilo dos filmes de comedia romântica. Ficava de tarde, os dois, um olhando ao outro, o sol crepuscular batia na sacada e nas janelas cobertas pela cortina bege, era tão alaranjado, fazia o rosto dela parecer uma imagem do paraíso, e seus, -Ah, ... *suspiro profundo*- era o que ele lembrava quando pensava nos olhos da mulher que ele tinha, teve, e talvez nunca mais tenha. Era arrasador ver um homem daquele jeito, não era arrasador, é arrasador. Somos conhecidos por sermos fortes, mas, de baixo desse diamante que carregamos na pele, existe a coisa mais sensível do universo, temos vida lá dentro. E as lagrimas que não saem, nunca querem sair. Ali acabava o devaneio da escova de dente.

Olhando o quarto novamente, viu a cama, e como fantasmas, via a imagem dos dois, ali, fazendo piadas, vendo filmes, comendo comidas diferentes em datas especiais, o dia que pegou fogo no colchão por causa de uma tentativa de noite romântica a luz de velas – risos meio abafados saíram dos lábios tristes daquele pobre homem – vendo que a felicidade lhe apareceu tão rápido após uma lembrança, toco seus próprios lábios, e a nostalgia do beijo dela era muito grande, e as lagrimas não saiam, elas nunca saem.

-Queria seu beijo agora - foi o que ele disse, em voz baixa e branda, com um pigarro leve, e o engolir de lagrimas. Você pode dizer que ele era um cara fraco, que estava ali quase chorando, talvez ele seja mesmo, afinal, ele tinha medo de chorar? Ou seria só mais uma tentativa de ser forte, parecer forte. Ouviu-se o virar da tranca da porta, ele pegou suas coisas, a chave do carro, era ela na porta, e eles estavam de encontro.


 Como dois estranhos, ele passou por ela, sem feição, ou no mínimo a que não se podia afirma com certeza o que era. Aquele momento for torturante, pareceu demorar horas, dias, milênios, um simples passar pela pessoa que tanto amou, a que lhe fez juras, a que lhe traiu. Não era fácil, não se pode dizer quem sofria mais nesse momento, o traído ou traidor. 

Corações estavam ali, quebrados - com certeza, pelo menos um - despedaçado como uma peça de vidro, quebrado pelo brincadeira de uma criança, que pensou – ou nem pensou – que aquilo era inquebrável, invulnerável, imutável, imortal. E aquele simples 3 segundos, passaram-se, e antes da porta, naquele carpete que combinava com a cortina, havia duas lágrimas, uma dele indubitavelmente, e a outra era dela, que com certeza, ninguém sabia o que lhe passava na cabeça.

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