segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O conto do Eterno (Caio S.C.)


A eternidade, pobre daquele que sonha com isso. Hoje “vivo” eternamente e não vejo nem colho bons frutos. Digo “vivo”, pois se você é imortal, logo vê que não existe vida sem a morte. Se eu tivesse percebido isso antes, e nunca ter pedido aos céus essa maldição bem vestida de dom divino, hoje, sei que estaria morto, em paz, perto dos meus familiares, toda minha família, meus filhos, minha mulher, meu amor. Mas graças a meu pedido, nunca os verei novamente.
Falo assim, mas na realidade, nunca acreditei no céu ou no inferno. Vejo realmente como  o inferno é aqui, dentro e fora de mim, nessa espera eterna, pelo mais simples e belo nada.
Não acreditava nos deuses, em nenhum deles, nada que não fosse concreto ou tangível, era conta de fada, fantasia, algo criado pelo homem para não temer um fim medíocre onde sua existência e a de todos que o cerca desapareça e vá para o nada.

Quisera eu estar no puro nada agora.

Sempre se ouviu dizer que: “Aquele que não crê no diabo será tentado pelo mesmo”. Não acreditei no Bem nem no Mal maior, logo, fui tentado. Também tem aquela “Não tentaras o Senhor”, bem, o resultado esta aqui, sou eu.
Enquanto penso nisso, e escrevo num raro pedaço de papel, vejo esse céu avermelhado, onde sem as luzes vivas das cidades, posso ver as estrelas. E os cientistas diriam que elas eram “Eternas”, se me conhecessem viriam que elas seriam somente bolas de fogo.

Quisera eu me extinguir.
Queimar por completo e desaparecer.

Talvez essa “carta” seja inútil, já que na Terra não existe vida há anos, tantos que mal posso calcular. Eu vi pneus serem destruídos pelo tempo, sim, eu fiquei sentado esperando isso, pareceu uma eternidade. No caso, essa palavra se encaixa bem no contexto, porque será!?
Eternidade, pobre daquele que sonha com isso... Viu, a eternidade te deixa repetitivo. Seu eu fosse alguém que vivesse, teria um tempo limite, e esse tempo limite me levaria a viver. Coisa que nem em vida fiz.
Com cada vez mais um mundo todo para mim, decidi aprender tudo que dava, era a melhor das boas coisas a se fazer. Obtendo todo conhecimento, resolvi viver do jeito que dava, bebi, comi, festejei, enganei pessoas, ganhei dinheiro com a minha poupança eternamente em crescimento, transei com centenas ou muito mais, roubei, fui preso e fiquei preso anos e anos. Eu sendo eterno, não envelhecendo e as pessoas não percebiam isso. Era como um fantasma, mas eu estava vivo, meu coração batia, as pessoas me sentiam, mas nunca fiz grande diferença em nada que não me fosse beneficio. Nunca nem sentiram minha falta. Simplesmente por minha presença eterna sem limite de termino, onde, tudo podia ser adiado. E assim foi sendo.
Tive uma temporada de algumas primaveras de humildade. Depois de um tempo cansei, as pessoas não estavam valendo todo meu esforço espiritualizado.
Tive uma temporada arrogante, mas as pessoas eram muito fracas e de baixa estima, vivendo com medo de viver, não valiam meu esforço de tentar ajudá-las a perceber isso.
Tive também uma temporada de procurar alguém para amar, certo dia a encontrei e então... Droga! Esta acabando essa folha, quando encontrar outra, conto detalhes.

Atenciosamente, o único e ultimo,
O Eterno.



                                                                                                                                      (Caio S.C.)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Na doce procura (Caio S.C.)


Na doce procura,
Vivo,
De um doce
Abro portas e potes,
Vidros e
Vasilhas,
E um vazio
Vem a barriga.
Não é fome
Não tem nome
Ainda nem senti sabor.
Esse doce não se compra
Independente do valor,
Dificilmente se ganha
E dizem que se deve roubar,
Pra se demonstrar a gana
Do fardo que é amar.
Esse doce só você tem
E tem nome sim,
E dele serei dono
Quero seu beijo para mim.
Não é egoísmo,
Ou talvez seja.
Mas quando se ama,
Vive-se em incertezas.
Afinal ai esta a magia.
Não saber se deve ter,
Se é ou não regalia.
Faz de pequenas coisas
Os pilares do Paraíso.
Faz as almas se debaterem nos corpos
Fazendo-nos perder juízo.
Quero saber esse sabor,
Impregnado em seus lábios.
Tão doce aroma,
Que me deixa inspirado.
Fazendo-me criar poesia
Com rimas meio manjadas,
Sei que sou muito clichê,
Não sei se amo da forma errada,
Mas assim vou levando
Esse sentimento.
Querendo você,
Seu cheiro,
Seu sabor,
Seu entendimento
E seu amor.
Mais é isso que procuro:
Um momento doce,
Uma palavra singela.
Uma fonte de calor,
Crescendo entre eu e ela.

(Caio S.C.)